Às seis da manhã, minha mãe já estava travando uma batalha com o chuveiro… rsrs.
Depois de um rápido café da manhã com hambúrgueres, deixamos as malas prontas para que, na volta, não tivéssemos que nos preocupar com nada. Descemos para o saguão do hotel, onde conheci Rosa, que tentava se comunicar com o recepcionista. Ah, o espanhol é uma comédia! Ela perguntava por “banheiro” e ele respondia “baño”. Me meti na conversa, explicando a ela que não havia banheiro no primeiro andar.
Na recepção, algumas pessoas aguardavam seus guias. Oito horas e nada de Carlos. Perguntei sobre ele na recepção, mas ninguém parecia saber quem era. Rosa nos perguntou se estávamos esperando o city tour, e confirmamos. Esperamos mais um pouco, e finalmente Carlos apareceu.
Com todos prontos, partimos rumo aos Andes!
De Santiago, é possível avistar a pré-Cordilheira, como Carlos nos explicou. Depois de cerca de 1h30 de viagem, ele nos fez uma pergunta intrigante: “Vocês sabem quantas curvas até o topo?” Nós, acostumados a medir em quilômetros, não fazíamos ideia. Ele nos revelou que eram 67 curvas. E assim começou a subida.
Algum tempo depois, Carlos nos perguntou quantas curvas já tínhamos passado. Tarso, filho da Rosa, arriscou um palpite: “Umas 27?”. Carlos riu e respondeu: “Cero!”. Todos nos entreolhamos confusos, e ele explicou que ainda nem havíamos começado a subir.
Já estávamos na estrada há mais de 1h30 e nada de subir a cordilheira… A ansiedade tomou conta, até que Carlos nos perguntou: “Querem subir com ou sem emoção?” Minha mãe, com seu medo de altura, imediatamente pediu “sem emoção”, mas eu e os outros cinco no grupo escolhemos “com emoção”.
Algumas curvas e muita adrenalina depois, paramos em um mirante, onde Carlos nos mostrou os destroços de dois carros que saíram da pista. O gelo nas montanhas é eterno, nunca derrete.
Nossa subida finalizou a 3000m de altitude. Cada curva era mais desafiadora que a anterior. Carlos nos contou sobre a estrada, como ela se transforma no inverno, e como os motoristas devem se comportar para subir com segurança.
Passamos pela estação de Farellones e, após algumas curvas numeradas, finalmente chegamos a Valle Nevado, com seu majestoso hotel e estação de esqui.
O lugar é deslumbrante, com suas montanhas imponentes, animais ao redor, e a vista do sol e da lua simultaneamente… Algo indescritível. Fiquei imensamente feliz de estar ali, mesmo sem neve.
Eu, minha mãe, Rosa e Carlos ficamos pelo hotel, enquanto os outros se aventuraram no teleférico – e quase congelaram lá em cima.
A altitude nos deixa muito secos: uma garrafa de 1L de água parecia se esgotar em segundos. Lá no alto, fomos aconselhados a andar e respirar devagar, para evitar dores de cabeça e náuseas.
O clima mudou rapidamente; chegamos com sol, mas logo as nuvens começaram a cobrir o céu.
As bandeiras de Valle Nevado e do Brasil flutuavam lado a lado, e imaginei como seria tudo aquilo branquinho, coberto de neve 🙂
Ficamos por cerca de uma hora antes de começar a descida. O retorno foi tenso, com muitos carros subindo e ciclistas corajosos enfrentando aquela subida de bike.
O grupo seguiria para a vinícola Concha y Toro, mas como precisávamos voltar, Carlos chamou um táxi, que nos pegou no meio do caminho.
Nos despedimos de todos e seguimos de táxi até o hotel. Ao chegar, tive que resolver uma questão com o recepcionista sobre uma taxa, já que era 13h e o checkout deveria ter sido feito às 12h. Como era de se esperar, ele não entendeu nada.
Subi para ajudar minha mãe com as malas, e ao descer, tentei falar novamente na recepção. Felizmente, informaram que estava tudo certo, e não precisávamos pagar nada. Ufa!
Entramos no táxi rumo ao aeroporto, onde chegamos por volta de 13h30. Tínhamos um pouco de tempo para fazer o check-in com calma, ao contrário da correria no Rio.
E foi aí que começou a saga de voltar pra casa…
— Continua no próximo capítulo.
Descubra mais sobre Rumo Solo
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.